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quarta-feira, 28 de março de 2007

IMAGENS DESTERRITORIALIZADAS: ruínas como primeiro-plano

FALA DA PROF. ANDREA MORELLI SCHÖNHOFEN
CICLO DE ESTUDOS: 'ARQUITETURA ANIMAL: territórios e fronteiras' DIA 20/04/2007 - FAURB/UFPEL VEJA AQUI VÍDEO APRESENTAÇÃO
http://video.google.com/videoplay?docid=377629749078062369

2 comentários:

Andréa Schönhofen disse...

OI, pessoal. O livro infantil que citei, nos debates posteriores `a fala da Carla, chama-se "Quanta Casa", de autoria de Rosa Amanda Strausz, ilustrações de Eduardo Albini - São Paulo: FTD, 2005 - (Coleção Tião Parada: cidadão na estrada).
Saudações!
Andréa Schönhofen

Anônimo disse...

Olá pessoal,

Sou um pesquisador da arquitetura e urbanismo e estou com o desejo de criar um blog/revista online que apresente reflexões,dicas,citações,etc...etc....etc (são muitas as posssibilidades)sobre este campo do conhecimento tão esquecido pela mídia em geral. Já repararam como é difícil encontrar uma boa matéria/artigo sobre a nossa atividade profissional em revistas semanais ou de cultura. E as revistas direcionadas à arquitetura e urbanismo quase sempre não apresentam a multiplicidade e diversidade de possibilidades de atuação na área. Comentei isso com um colega e ele me disse que possíveis assuntos apresentados e discutidos acabariam se esgotando. A mulher dele discordou e disse que o campo da arquitetura era muito vasto e eu concordo. Na época estava pensando em criar uma revista temática, mas agora vejo que é limitante. Acho que não consigo me aprofundar em um só tema. Tenho muitos interesses. Andei pesquisando sobre blogs e revistas on line de arquitetura e urbanismo e não encontrei o de vcs. Achei muito interessante e vou mandar para uma amiga que está desenvolvendo uma tese nessa área. Se é que ela já não conhece, pois é muito informada. Parabéns! Sempre que puder vou entrar nesse blog. Ah! uma sugestão gráfica: A letra em vermelho sobre o fundo preto é pouco legível. Vcs poderiam usar outra cor. Um abraço. Marcos Solon Kretli da Silva

O que são arquiteturas do abandono?

As arquiteturas do abandono compreendem desde edificações desabitadas, ruínas, restos de construção como também favelas, resíduos, sujeitos excluídos e tudo que até o desprendimento da matéria poderá nos levar a sentir e a pensar.
Num primeiro momento, apenas uma casa abandonada, em qualquer lugar, vizinha a tantas outras, nossa vizinha. Por ela, passamos todos os dias, caminhamos pela rua, a qual também acumula a sujeira, os restos, o capim. Tudo ao redor dessa casa, saindo pelas frestas, ruindo o reboco. A casa lar que antes abrigava uma família, agora se abre aos desabrigados, aos vagabundos, aos bandidos. Abandona-se ao bando.
Uma fábrica abandonada ou uma fábrica que abandonou muitos, uma enorme massa construída, onde o trabalho parou, mas sente-se ainda o movimento dos operários e o som das máquinas. Das máquinas enferrujadas que não produzem mais nada, apenas as carcaças envoltas em teias de aranha, recoberta por muita poeira. A poeira que entra pela boca, que resseca, que nos cega a vista, que esfuma. Fábrica abandonada por todos, mas que deixa toda a sujeira para trás, dos restos radioativos que podem provocar doenças, até os resíduos que servem de ganha pão para outros. Tudo arruinando e curando: fábrica, máquinas, resíduos, pessoas.
Todo o resíduo e entulho podem escorrer, migrar de um lugar para outro, pingar, deixar-se levar, contaminar o que não é abandonado, assim como o movimento de abandonar, de deixar alguma coisa em detrimento de outra. No edifício, a função vai embora e fica a forma abandonada.
Matar ou curar. Finito e infinito ao mesmo tempo. O tempo dos abandonos pode ser longo como o de uma ruína ou rápido como o de uma implosão. Difícil de ser medido e quantificado. Tudo pode ocorrer numa fração de segundos ou lentamente, como se não passasse de uma longa espera. Abandonar é largar a deterioração ao apodrecimento, ao mofo.
Também um resto de parede que teima em ficar de pé, que teima em permanecer. Mesmo com a chuva e o vento que lavam, dentro e fora, teimem em abatê-la. Uma ruína, um resto arruinado, não aquela ruína histórica, mas uma ruína fruto da supressão da própria história. Uma superfície arenosa e abandonada, transformada em deserto em meio à vida cotidiana das cidades.
Uma cidade é repleta de abandonos, por todos os lados, e de abandonados também. Eles estão ali perambulando pelas ruas, pelas calçadas, adentrando edifícios abandonados, encontrando-se, cara a cara conosco, Ás vezes desviamos, pulamos sobre eles, os abandonados cheiram mal, faltam-lhes dentes, e todos os objetos de consumo que tanto ansiamos.
O campo de ação das arquiteturas do abandono é amplo e, muitas vezes, caótico, abarca a matéria e a imatéria. Abandonamos materialidades, prédios, ruínas, restos, objetos, coisas, tudo o que possamos tocar, roubar, quebrar ou assassinar. Tudo muito elementar, muito óbvio.
No entanto, abandonos são também imateriais, do campo, do que não podemos mensurar. O abandono imaterial é do campo dos sentidos, dos desejos ou das sensações. Só há abandono material, porque há abandono imaterial, um se alimenta do outro. É corpo, é alma. As arquiteturas materiais do abandono podem ser as forças que nos sacodem para os abandonos imateriais. Como nas artes visuais ou na música, que atravessam nossos corpos. Abandonos também são capazes de desencarnar dos corpos arquitetônicos e habitar a fronteira, o escape, a fuligem.